Grandes coisas se dizem de Vós, ó Virgem Santa Maria, que hoje fostes exaltada sobre os coros dos Anjos e triunfais com Cristo para sempre. (Antífona)
Na Catedral de Santarém, rodeada por um significativo património integrado, destaca-se, do lado da Epístola, a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte.
Obra do escultor paduano João António Bellini, conhece-se o relato da sua instalação definitiva em 13 de agosto de 1740, a tempo da celebração da Solenidade que se representa na figuração central, onde a Virgem é elevada por anjos, num trabalho que destaca as figuras pelo branco do mármore em contraste com o fundo dourado.
Em ricos “mármores” italianos, brancos, pretos, amarelos e rosados, todo o altar revela uma composição arquitetónica cuidada, posteriormente copiada pelo altar que se encontra à sua frente, o de São Luís Gonzaga. Sobressai, ainda, o túmulo onde se recolhe uma escultura com delicadas vestes em seda, em representação da Dormição de Nossa Senhora, uma festa que a Igreja Ortodoxa celebra desde o século V.
Este elemento rico em simbologia, para além do seu caráter artístico de exceção, ilustra com perfeição esta antiga tradição da Igreja, que o Papa Pio XII definiu como dogma em 1950: Maria “foi elevada em corpo e alma ao céu”. Privilégio da sua íntima relação com o Filho, Maria pôde participar na Glória Eterna. “Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda.” (1 Cor 15, 23)
Eva Raquel Neves