O dia 8 de agosto está dedicado, no martirológio romano, à memória de São Domingos de Gusmão.
Nascido em Caleruega (Espanha) em 1170, no seio de uma nobre família, a revelação dos seus talentos e virtudes aconteceu ainda no seio materno. Uma das visões de sua mãe associou-lhe para sempre o atributo de um cão com uma tocha de fogo. Também a estrela, que normalmente surge gravada na sua fronte, está associada a uma visão por ocasião do seu batismo.
Dedicado no estudo das letras, aprendeu Filosofia e Teologia na Universidade de Palência. Juntando-se ao Bispo de Osma, foi durante uma das viagens que fizeram em conjunto que Domingos de Gusmão discerniu a sua vocação pelo combate da fé, ao encontrar em Montpellier os Legados Pontifícios que pregavam contra as heresias dos Cátaros.
Iniciando o seu trabalho para a conversão dos hereges, cedo percebeu o fracasso das suas palavras. Terá sido por inspiração de Nossa Senhora, que lhe entregou o rosário na visão que teve em Prouille, naquela que foi a primeira casa dominicana, que adaptou a sua forma de pregar, explicando os mistérios da fé e recitando o Pai-Nosso e a Avé Maria, com os quais intercalava as suas palavras.
Os frutos desta pregação, a conversão das almas e a fama dos seus os milagres valeram-lhe o ofício de inquisidor, função que exerceu com autoridade e zelo em prol da verdadeira fé católica.
A sua ação apostólica está intimamente associada à Cruzada contra os Albigenses, comandada por Simão de Montfort. Em 1213, a vitória decisiva e improvável na batalha de Muret terá beneficiado das súplicas que, à margem, São Domingos dirigiu a Deus.
Dois anos mais tarde, funda em Toulouse a primeira comunidade de irmãos, e seguiu para Roma onde recebeu, do Papa Inocêncio III, a aprovação da sua Ordem que tomou como regra a de Santo Agostinho.
Os anos que se seguiram consolidaram a Ordem Dominicana, através da fundação de vários conventos e da continuação da sua pregação e combate pela fé.
A 6 de agosto de 1221, São Domingos de Gusmão morre no convento de Bolonha, sendo canonizado em 1234.
Para recordar este testemunho de vida e a importância da Ordem Dominicana na construção da Igreja, o Museu Diocesano de Santarém apresenta a pintura “São Domingos entrega o Rosário a Cavaleiros”. Esta peça – sem qualquer leitura até à reveladora intervenção de conservação e restauro de que foi alvo – relembra o combate que São Domingos travou pela fé, tendo por arma o Rosário, instrumento de pregação profética e meio de contemplação.
Venha conhecê-la.
São Domingos entrega o rosário a cavaleiros. Oficina portuguesa, pintura a óleo sobre tela, século XVII (segunda metade); Paróquia de São Nicolau de Santarém
Eva Raquel Neves